São Paulo - Uma das carreiras digitais que mais cresce em todo mundo é o design voltado para melhorar a experiência do usuário. Uma das empresas mais bem sucedidas em explorar essa área do conhecimento é a Apple, referência para profissionais desse segmento.
No Brasil, agências de publicidade, fábricas de software e companhias de desenvolvimento de bens de consumo têm contratado cada vez mais designers especializados em melhorar a experiência do usuário. De acordo com gestores de RH, os salários para profissionais com este tipo de formação giram entre 4 mil e 9 mil reais.
Segundo Rodrigo Bastos de Toledo, consultor de UX Design (sigla para User Experience, em inglês) e pesquisador de comunicação visual na Northern Arizona University, para trabalhar nessa área é preciso ter conhecimentos multidisciplinares, como design, usabilidade, matemática e psicologia. Segundo Bastos, o profissional deve ser capaz de intuir as sensações e sentimentos que determinada ação num software ou dispositivo causará no usuário. “Um bom exemplo disso são os produtos da Apple, que exploram ao máximo as conexões emocionais com seus usuários”, diz.
Para Fabricio Teixeira, autor do site “Arquitetura de Informação” e designer da agência de criação R/GA, o profissional da área deve ter a habilidade de equilibrar as melhores práticas de design voltado para o usuário e as necessidades de seu cliente, que muitas vezes deseja apenas aumentar as vendas de um determinado produto com um site ou aplicativo e não necessariamente criar o melhor design possível.
“Ao desenhar um site para um fabricante de automóveis, por exemplo, é necessário mostrar o carro da melhor forma possível e gerar vendas para a montadora. Ao mesmo tempo, o designer deve verificar os interesses das pessoas em conhecer mais sobre o automóvel, como os acessórios existentes, as condições de venda e mostrar a localização das concessionárias”, diz Teixeira.
Após elaborar a primeira versão do projeto, o designer deve submetê-lo ao teste usuários, por meio de pesquisas como focus groups, questionários e testes de usabilidade. Esta fase é fundamental para o profissional medir as reações das pessoas e perceber quais recursos funcionaram corretamente e quais ainda podem ser melhorados.
Emprego - Quem decidir se especializar em UX Design, encontrará um mercado ainda em amadurecimento. O consultor de TI Osvaldo Aranha explica que há poucas pessoas com essas habilidades disponíveis para contratar, ao passo que a demanda por estas habilidades vive uma fase de crescimento. “Muitos portais de internet, lojas de comércio eletrônico e desenvolvedores de sites e aplicativos estão recrutando especialistas em UX Design”, afirma Aranha.
Como ingressar na área - O interessado em atuar com User Experience Design precisa conhecer arquitetura da informação, design gráfico digital e design de interação, disciplinas que podem ser aprendidas numa faculdade de desenho, em cursos livres de escolas de arte ou programas de treinamento organizados por agências de publicidade. Além disso, características como boa cultura geral, conhecimentos de história da arte, organização e capacidade de observar as reações dos usuários são habilidades bem-vindas.
Empresas de mídia digital, por exemplo, requerem uma atenção especial aos detalhes, conhecimentos em moodboards (composição de uma mesma linguagem visual), tipografia, técnicas visuais de gestalt, composição e estudos de elementos visuais, além de usabilidade e acessibilidade, afirma Felipe Luize, que participou do projeto que redesenhou a intranet usada pelos funcionários das Nações Unidas e hoje trabalha para o site Globo.com.
Quem quiser ir mais longe, pode fazer uma pós-graduação ou até obter um título de mestrado em UX Design. Além das universidades brasileiras, que começam a oferecer programas de pós-graduação nesta área, há grande oferta de cursos nesta área em faculdades nos Estados Unidos, para quem planeja ter uma experiência internacional no currículo.
Uma das dicas dos especialistas para quem deseja saber mais sobre o tema é ler o livro “The Elements of User Experience”, escrito por Jesse James Garrett.